Festival Anual de Teatro Acadêmico de Lisboa

*(Texto escrito em Maio de 2019)

Medéia

A primeira peça do FATAL 2019, é Medéia. Uma Medéia contemporânea nas roupas, nas marcas, nos objetos, na tecnologia e infelizmente?, uma Medéia contemporânea na dor.
A Tragédia Grega tratava de complexidades e profundezas do ser humano, que hoje, pouco acessamos. Qual dor se sentia na Grécia antiga e qual dor sentimos hoje? Sobre o que são nossas dores? Sobre o que eram as dores há dois mil e quinhentos anos?
O elenco, formado por alunos de cursos de Teatro, deixa claro logo de cara, que se trata de uma tentativa de revisitar o clássico grego. E o fazem muito bem, a partir de suas condições. Espaço e cenas bem marcadas, figurinos pretos suficientemente funcionais, os objetos de cena, como os dois carrinhos de bebês que presentificam os dois filhos de Medéia, cumprem muito bem a função simbólica na contação da história. Há um esmero na marcação dos atores, no desenho de luz, tem limpeza, cuidado. Embora, o elemento que mais se destaca num acontecimento teatral, por onde tudo acontece, o ator, ainda esteja em fase inicial de uma possível maturação. Como foi comigo, como foi com qualquer outro ator. Talvez Medéia nos exigisse uma compreensão melhor de sua dor e tragédia. E do que trata a Tragédia? Que estado humano será esse? A Tragédia como conceito e estado humano, ainda existe na sociedade contemporânea? Já tive algumas experiências com a Tragédia (não tanto quanto gostaria). Das muitas coisas que ouvi e experimentei, posso imaginar algumas notáveis atrizes, ferozes diretores, que veriam a montagem do jovem e inexperiente (e isto não é defeito) elenco de hoje e lhes diriam: " - A tragédia não está na face de dor que você pode fazer. Não adianta fazer careta de dor. Está no âmago, no estômago, no útero". Eles realmente disseram isto. A mim e a outros. E depois de ouvi -los, é preciso pesquisar no seu próprio corpo, de que diabos eles estão falando. A voz trágica não está no registro de voz e comportamento que nós conhecemos ou ouvimos no dia a dia. É mais funda. É daquele lugar em que nós nunca estivemos... É nesse lugar que tem uma voz que nós nunca ouvimos de nós mesmos. Lá está a tragédia. Como fazer um corpo jovem encontrar esse lugar... que não é o lugar da atuação na novela das nove... da série juvenil... do bate papo na mesa de bar... Como? Será necessário? Ou é capricho... Bobagem? Ou impossível nos dias de hoje? Quem disse que esses mestres estão certos? Quem saberá a verdade sobre como fazer tragédias no palco?
A gente pode pensar nas perguntas e questões e ir descobrindo... estudando... ouvindo... experimentando. O fato é que sobre o palco, diante do olhar do público, nada é feito com facilidade, rapidez ou simplicidade. E certamente, exigirá mais de nós, que qualquer esforço que pensamos já ter feito.
Foi muito bom ver Medéia. Foi iluminador ouvir as palavras que Eurípides catalogou de forma tão humana e trágica, revelando a parte em nós que não queremos conhecer. Ah se tivéssemos Médeias, Édipos, Lisístratas, Antígonas e Prometeus por todo o país... pelo Brasil... pelas periferias do mundo... seríamos tão mais completos se soubéssemos sobre nosso lado trágico, complexo, cruel. Quem sabe até felizes... sem que pra isso, necessitássemos escrever no Facebook. Sem que pra isso precisássemos dividir o Teatro entre direita e esquerda. Ele é só humano. E fala só do humano. Fala inclusive, dos movimentos fascistas que iludem certos artistas a se tornarem fascistas.

Viva Eurípedes, viva o elenco de Medéia, viva o Fatal, viva o Teatro e todo o povo que ainda o tem... pois sempre terá. Custe o que custar.

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Freira nos porões do convento

Segunda peça do dia. Outra montagem jovem, estudantil (Produzida e encenada por estudantes de Teatro, em sua maioria entre 16 e 25 anos).
Começa se pela boca de cena. Uma enorme bambolina (talvez) de cor branca, em gesso, toda detalhada em ornamentos, como nas construções de teatros antigos. Um leve passeio ao passado que pararia ali, se não fosse o que estava por vir. Cortinas que se abrem e se fecham a cada término de cena, trocas de cenários e marcações. A história é a de duas personagens femininas que são obrigadas a entrarem para o convento, onde ficarão protegidas das tentações do corpo e dos indesejáveis namorados. Quem as manda são seus pais. Cenário com uma cruz de madeira, figurinos de época e marcações de cena muito simples e de um modelo antigo, em que se pensa nas direitas e esquerdas altas, médias e baixas, no centro alto médio e baixo, do espaço do palco. Era nítido que a experiência que se tinha naquele auditório, remetia nos às encenações passadas, de séculos atrás, como vimos em fotos de livros e documentos teatrais. O texto, e a maneira de dizê lo, de contar uma história, como não se vê há algum tempo na maioria dos palcos contemporâneos. Há um frescor juvenil na contação dessa história, um jeito inocente de encenar, de interpretar, de errar, onde o esforço é coletivo e dedicado para que tudo que foi ensaiado dê certo. A cena no convento, em que a madre superiora ensina o caminho do sofrimento e da penitência à novata, é reveladora em muitos sentidos. É nesta cena que a peça me esclarece e me põe a pensar sobre o que temos feito com os temas contemporâneos. É sobre religião, é sobre culpa cristã, é sobre patriarcado, é sobre opressão, violência, abuso... mas da forma como desaprendemos a contar. Nesta peça tem se um texto, esse texto é dito e as cenas mostradas. São cenas difíceis de ver, chocam, sem querer. São inocentes, puras, sem pretensão, e me arrepio como aquela "pecinha" fala de situações tão urgentes. De como ela é atual. Mas não há deboche, não há fragmentação, não há juízo explícito. E penso que talvez, seja bom pensar que, quando se quer denunciar alguma instituição da sociedade, que se fale dela seriamente. Que a leve a sério. Que a mostre como verdade e realidade na pele do personagem que for. Como na comédia, quando nos orientam a não querer "fazer graça"... e a cômico acontecer. Deve ser isso... Por aí. Acho que é como Medéia... vivencia se a experiência da dor, sem querer senti la primeiro no rosto, mas entendê la antes antes no corpo da personagem... e alguma fagulha de Teatro aparece... quem sabe?!
Eu não sei... Eu fico só olhando e me perguntando. É certo que para cada peça, para cada elenco, para cada público e lugar, o Teatro como arte, se fará uma experiência única. As regras do fazer teatral estão no próprio acontecimento. E é no instante presente que ficamos sabendo. Ele só é. Sem explicações que deem conta do seu todo. É bom que se leia muito, é bom que se veja muito, que se estude muito, que se pergunte muito sobre esse tal fazer. O acontecimento exige conhecimento. Presença.
E nesta experiência que tive, houve Teatro sim... foi singelo... belo... emocionante. Fazia tempo que não me sentia tão rejuvenescido diante de uma montagem tão pouco sabida. Devem ser assim todas... eu que não percebia. Eu que pensava que sabia.

Viva o Teatro. Que segue nos ensinando... sem querer fazer isso.

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Ritmo eu

Hoje a primeira peça do dia, na programação do FATAL, que tem 20 anos de existência, foi uma performance.
O primeiro dia parecia deixar claro que tipo de Teatro se ensina e se faz por aqui, com mais frequência. Textos clássicos, histórias contadas como se contava há décadas atrás no Brasil... fala bem impostada, ritmo quase cantado, e alguma presença dramática em cena, nada que chamasse muito a atenção. Mas aí veio uma performance... um jovem ator, afro descendente, provavelmente aluno de um dos cursos participantes do festival, totalmente disponível aos espectadores. Um corpo vivo, exibido, dado.
A peça inspirada numa das muitas obras em que a artista Marina Abramovic se põe em risco total, colocava Tomás Gomes na mesma situação. Que aflição. Uma mesa diante do ator, de frente para a plateia, concentrava alguns objetos. Objetos perigosos. Tesouras, isqueiros, álcool, faca, dois pênis de borracha, gel lubrificante, banana, livro, bebida, cigarro, açúcar... e muitos outros. O menos ofensivo devia ser um par de algemas num dos cantos. Luzes acesas, orientações sobre como o público deveria proceder... e aguardamos ansiosos o primeiro a "fazer tudo que quisesse", conforme orientados, com o corajoso ator. Corajoso mesmo. Corpo entregue assim, partindo de Marina Abramovic, sem medo ou restrição nenhuma... sem oferecer resistência... não é pra muitos. E assim foi ele, suportando os experimentos sádicos que a plateia ia lhe imputando. A primeira, aparentemente treinada e posando para as fotos (ela se movimentava como se estivesse), se aproximou, pegou a tesoura. Todos estatelados diante da ousadia. Apontou o cortador para o ator e... abriu sua camiseta de cima a baixo, revelando seu peitoral. Ufa. Era só isso mesmo. Parecia que ia ser mais. Aí veio a segunda... Pensei: "o que essa mente danadinha estará planejando fazer no corpo do nosso intérprete?" De repente uma fita adesiva é enrolada na boca do Tomás... Ah Não! Ele não poderá falar ou respirar pela boca. Que maldade. A terceira correu ao encontro de um Baton e pintou lhe uma boca falsa por cima da fita adesiva. Que meninas cruéis! Não... elas não eram cruéis, elas eram sonolentas. Todos que se aproximavam do ator, pareciam vê lo como um boneco de estimação, e faziam com ele trivialidades infantis, como dar de comer, vestir a roupinha, passar batonzinho, fazer carinho. Uma sonolência sem fim. Sonolência quebrada majoritariamente por dois dos presentes que pareciam entender melhor as muitas outras possibilidades, a que a performance sugeria. Foram eles que desafiaram o ator e a plateia a verem no em situações mais arriscadas e que lhe exigia um pouco mais. Uma cadeira presa ao seu corpo, suportando o peso de todos os objetos da mesa, a ponto de cairem e se quebrarem todos, caso ele não suportasse. Um papel filme enrolando lhe a barriga, de forma que sua barriga diminuísse, junto com uma porção de gel em seus cachos, penteados, com a inscrição "bonito". Ou mesmo o banho de água e vinho que tomou, as frutas e vibradores sexuais enfiados em sua cueca. Talvez tais desafios fossem muito mais para a plateia que para o ator, que certamente quando inscreveu a obra e se preparou para receber o público, não estava esperando que lhe dessem carinho, que lhe colocassem pra sentar e ficar olhando para quem veio, confortavelmente. Ele estava propondo ação, jogo, presença. E ninguém parecia entender muito bem isso, não. Bastava uma ousadia boba por parte de alguém, que um "fiscal" da boa sonolência já se aproximava e desfazia tudo, tirando o ator do risco e dificuldade proposto por outros e devolvendo o a cadeirinha confortável sem nada que lhe apertasse, machucasse ou que lhe fosse amargo. Impressionante. Ele se transformara na boneca de pano dos que estavam lá. Beijinho, carinhos e sentadinho. Que chato. Não eram muitos os que se dispunham a jogar, e os dispostos pareciam esquerda e direita brasileiras. Parecia algo muito feio usar os objetos que o ator dispôs para o jogo, pois temiam ficarem mal vistos, como quem só lhe queria o mal. Será que é coisa de brasileiro acostumado a sofrer e fazer sofrer? Poxa, nossa tradição é antropofágica... desde os índios... desde os portugueses... A gente quer botar pra fuder mesmo! Essa plateia não sabia disso.
Nao tenho certeza de nada, e nem muito conhecimento de causa. Mas, será que o comportamento daquelas adolescentes está ligado à maneira como elas aprenderam a ver o outro? Será que há uma falsa empatia, que poderia colocar o outro numa situação de fragilidade que ele não tem? Será que sem ser essa a questão principal da peça, essas meninas acabaram por tornar o ator um objeto de fetiche para o bem, sem que ele precisasse ou pedisse, ou fosse necessário para a ocasião? Parecia aquelas esmolas que alguém oferece a um outro alguém que não pediu. E que foi interpretado necessitado, pela cor que tem, pela roupa que veste, ou pelo lugar que ocupa. Só pensei... talvez minhas questões sejam mais sobre mim que sobre elas... talvez estas questões sejam mais sobre o lugar de onde vim do que sobre elas.... Talvez tenha sido eu que o coloquei nesse lugar frágil e necessitado. Talvez... Talvez o Teatro só seja pra isso mesmo. Pra gente misturar as nossas frustrações e prazeres, e pensar por um momento que entendemos algumas coisas, e nos sentirmos satisfeitos. Talvez.
Me lembrei das outras três montagens clássicas que vi neste Festival. Os alunos não estavam habituados ao jogo performático... (Os alunos dessa plateia, que eram os mesmos das outras montagens e turmas) A ironia do jogo entre real e ficção, ator e plateia. E como esse movimento foi interessante de ler... num contexto cultural em comparação ao que nos acontece na formação artística no Brasil. A performance costuma revelar bem mais sobre quem assiste e participa como público, do que ao ator performer. E nesse caso, ao invés de revelar crueldade, rancor, vingança, sadismo, criatividade e surpresas, revelou calma, cuidado, atenção, e literalidade sobre o que é cena e o que não é, sobre a realidade como ela é e o jogo com a realidade. Seriam pobres os jovens portugueses, de tão sonolentos que pareceram ser? Ou seriam pobres os jovens brasileiros, doidos para fazerem o mal acontecer? Ou seria pobre mesmo, a ousadia burra de responder a tais questões?! Eu, burro que sou, só as faço... sabendo bem que não há pobreza em quem se entrega ao risco do palco, e o faz.
Depois de muitas tentativas de colocar o ator definitivamente em risco e animar a torcida com algum acontecimento que nos exigisse sensações... um dos espectadores com maior disposição para provocar, deitou lhe sobre a mesa, calmamente, afastando todos os objetos, acomodou lhe de quatro, deitado sobre a mesa, e foi arrumando pacientemente todos os objetos disponíveis, sobre suas costas. Garrafas pra quebrarem, líquidos para derramarem, bonecos, fios, correntes... Tudo acumulado, subindo e descendo conforme sua respiração... Risos e espantos de alguns na plateia, fazia parecer que alguma emoção finalmente nos estava chegando. Acompanharíamos o esforço do pobre ator em tentar manter tudo em suas costas, sem deixar cair nada... Ou alguém teria pelo menos muito trabalho ao desfazer tudo. Parei, olhei junto com todos, sentíamos finalmente alguma sensação que não o sono, chegar até nós... mas durou pouco. Uma das meninas da plateia, primando por salvar o ator de qualquer coisa que lhe parecesse tortura, correu para limpar suas costas... quando ela começou seu ato de redenção e heróismo, o tal espectador deixou a sala. Desistindo enfim. E nada mais vi, ouvi ou senti. Pobre ator... Pobre plateia. Fica sua coragem e sua disposição... e o convite para tentar sobreviver ao Brasil, numa próxima sessão.

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O Mercador de Veneza 

Um grande elenco sentado em cadeiras arrumadas nas laterais e fundos do palco. Fazendo uso de boa voz, personagens bem definidos e desenhados. O zelo por dizer o texto de Shakespeare e contar nos essa história é emocionante. Porém uma forma sem muita ação, sem muita movimentação. E mesmo na fala, por onde se desenharia toda a possível ação do texto, demora pra chegar. E somente pela atuação de alguns dos jovens atores. Talvez um trabalho de direção com maior ritmo entre os atores, com mais fluência sobre a história toda, ao invés de decorarem o texto e ficarem esperando para falarem, tornasse essa peça uma grande montagem. São jovens, dedicados, com boas vozes, boas atuações... mas sem chegar a afetar o outro ator em cena, sem chegar na plateia... sem afetar ninguém nem a nada. Mas a gente acompanha a história que, chega ao final com um ritmo melhor, despertando a atenção de novo para o caso que se soluciona na trama.
É um festival universitário... São todos jovens estudantes de artes cênicas... tão cuidadosos no trato para com a dramaturgia clássica, em contar essas histórias que no Brasil a gente aprende a renegar e a deixar de lado, que valeu muito a pena. A luz abre, os atores se aproximam pra agradecer e só enxergo verdade, simplicidade, pureza e felicidade. Eles se realizam com a primeira experiência diante de um público... E lembro de mim, na minha primeira também, como parte da escola de Teatro... sem nem saber direito a marca que me deram, quanto mais como fazer, significados ou objetivos.
Viva o Teatro. Que cresçam... que devorem se... que comam tudo e a todos e sejam alimento aos que precisam.

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Eu pensando que sou crítico

As vezes consigo ser crítico ao meu próprio caminho. As vezes me iludo e me envaideço, e esqueço de me ver, de me notar, de me olhar no espelho. Tenho horror a ouvir o espelho.

Mas sigo aprendendo. A experiência que testemunhei e vivenciei no FATAL, realizado pelas escolas de Teatro, em Lisboa, me ensinam a ver. E escrevo aqui o que vi e senti. Certo de que o que sinto me engana, me faz mentir. Certo de que há muito para desconstruir em mim, sobre o que penso saber, sobre o que penso fazer, sobre o que empurraram em mim sobre o outro, sobre mim, sobre a vida. Mas mesmo assim, sigo aqui. Falando, escrevendo, fazendo... pra ver se com tudo isso, vou me percebendo.

O Festival é um exemplo de produção. A mesma que só vi em grandes festivais no Brasil. Demonstração de alto investimento, confiança, credibilidade, e acima de tudo, respeito indiscutível pela Arte, pelo Teatro, pelo jovem estudante, pela cultura do país e pela população. Um evento que reflete bem a realidade de um país, distante, um pouco, das dificuldades morais, sociais e ideológicas das que vivemos.

O FATAL não é um reflexo totalizante do Teatro que se faz em Portugal. O país tem alguns centros de produção e formação, que dinamizam muito mais as linguagens e estilos da cena. E talvez haja mesmo um primor nos primeiros anos das escolas, em firmar os pés dos aprendizes, primeiro nos textos clássicos, pra depois terem o que fazer com suas relações criativas e críticas com o contemporâneo. Além de Lisboa, Porto se tornou uma cidade de forte relevância artística, com experimentalismos e ações de vanguarda nas artes. Talvez menos conservadora.

São só impressões de um visitante. Mas de imenso prazer no pouco que tocou. Vivas ao Teatro que em qualquer lugar do mundo, nos une, falando de todos nós em qualquer lugar ou época.

Evoê e vida longa aos poetas!

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