Nada de dor. No meu caminho só tem flor

(*Texto escrito em Dezembro de 2018)

As poucas opções que temos
Na era em que se impera o mito
Num desses casos nós estaremos
E não adianta se fazer de desentendido

Se você não for o que corre
Nem o que morre
Será um dos que mata
Sim
Ou corre
Ou morre
Ou mata
Maldito
Desmedido
Erudito
Sem essa de desentendido
O país tá dividido
E nenhum dos lados arrependido

Correndo você deixa alguém morrendo
Pedindo socorro
Se defendendo
Pelo amor de Deus alguém viu
Mas a testemunha correu
Sem consentimento
Tem medo
Acovardamento
Não sabe o que está acontecendo
Deus me livre me meter nesses acontecimentos
Filho pra criar
Eu quero é distância desse tormento

Morrendo você morreu
Foi confundido
Parece com bandido
Mora mal
Parece perdido
Ou então gritou
Protestou
Se manifestou
Foi contra o mito
Defendeu bandido
Tava na linha do tiro
Delito
Agora sim
Perdido
Fudido
Não deu glória a deus
O diabo agora é seu amigo

Então te sobra quem matou
Sim
Você matou
Fingiu que não viu
O disparo não escutou
Da bala se desviou
Com o policial concordou
E ainda gritou
Compartilhou
Viralizou
Tudo bandido
Tudo viado
Tudo malfeitor
Marxistas
Gayzistas
São tudo estuprador
Tá dito
Um cidadão de bem você se mostrou
O mito ganhou
Se não é a bíblia na mão feito um doutor
É fuzil
Vai morrer
O governador que mandou

Mas você não correu
Nem foi o que morreu
Muito menos compactua
Em fuder quem te fudeu
Você até gosta de Jesus
Ou mesmo é ateu
Você não se envolve em disputas
Só quer mesmo o que é seu
Espectador
Telespectador
Visualizador
Trabalhador
Seguidor
Anticontestador
Não sabe o que é um ditador
Cuida da sua própria dor
Conforto
Você só é o que assiste
Você é só o que passa
Eco de toda barbárie
Grava
Compartilha
E não tem nada a ver com nada

Nada
De nada
Você é como um pedaço de nada 

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