O odor da dor 

(*Texto escrito em Novembro de 2018)

Começa a chover
É novembro
O verão daqui
Manaus é toda dor
Doida
Dolorida
Da lembrança em quem se votou
Da ignorância sobre o verde
Da matança sobre o pequeno
Excluído
Pobre
Indefeso
Manaus é toda dor
A perda da história
Os prédios do centro em decadência
As árvores cortadas com frequência
Florestas inteiras que desaparecem
Sem clemência
Só demência
Dor
Odor
As igrejas que crescem
A dor que as alimenta
O pudor que lhes falta
É o sustento delas
Lucrar com a tormenta
Desdenta
Unguenta
Não aguenta
Cidade feia pelada barrenta asfaltada
Cidade toda dor
Toda feia
Toda cheia de pudor
Que pudor?
Feita de dor
Gente que morreu
Sem ninguém saber pelo que foi
Gente que morre
Sem saber quem disparou
Triste cidade
Triste odor
Jesus é a verdade
Mas dela ninguém falou
Cidade de dor
Manaus
Fedida
Perdida
Encardida
A beleza que restou
Encoberta
Distraída
Iludida
Inibida
Ninguém sabe onde enfiou
Desconfiou
Endoidou
É toda odor
Manaus que fede a dor

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